"Simplicidade, é o conceito que nos remete ao estado mais puro da realidade. É a forma, embora periculosa, mais íntima de se olhar no espelho"

sexta-feira, 18 de maio de 2012

A Volta


Sinto sair dos trilhos
Sentimentos loucos
Retrovisor desfocado
Visão do passado à minha frente


Medo, medo do passado
Que agora me atormenta sempre
Tento de forma 'incessantemente' não pensar
Mas revejo sempre a imagem em meu retrovisor


Dói, 
Dor impotente diante da decisão a ser tomada
por mim e mais ninguém.
Essa história, não quero reescrever.








Palavras em Elo escritas em 18/05/2012

terça-feira, 8 de maio de 2012

A justiça é cega, mas o juiz não!


Num inquérito pela contravenção de vadiagem, que ocorreu na 5a Vara Criminal de Porto Alegre, o juiz Moacir Danilo Rodrigues proferiu a sentença que transcrevo a seguir:  


§ Marco Antônio Dornelles de Araújo, com 29 anos, brasileiro, solteiro, operário, foi indiciado pelo inquérito policial pela contravenção de vadiagem, prevista no artigo 59 da Lei das Contravenções Penais. Requer o Ministério Público a expedição de Portaria contravencional.  
§ O que é vadiagem? A resposta é dada pelo artigo supramencionado: Trata-se de uma norma legal draconiana, injusta e parcial. Destina-se apenas ao pobre, ao miserável, ao farrapo humano, curtido vencido pela vida. O pau-de-arara do Nordeste, o bóia-fria do Sul. O filho do pobre que pobre é,sujeito está à penalização.  
§ O filho do rico, que rico é, não precisa trabalhar, porque tem renda paterna para lhe assegurar os meios de subsistência. Depois se diz que a lei é igual para todos! Máxima sonora na boca de um 
orador, frase mística para apaixonados e sonhadores acadêmicos de Direito.  
§ Realidade dura e crua para quem enfrenta, diariamente, filas e mais filas na busca de um emprego. Constatação cruel para quem, diplomado, incursiona pelos caminhos da justiça e sente que os pratos da balança não têm o mesmo peso. Marco Antônio mora na Ilha das Flores, no estuário do Guaíba. Carrega sacos. Trabalha em nome" de um irmão.  
§ Seu mal foi estar em um bar na Voluntários da Pátria, às 22 horas. Mas se haveria de querer que estivesse numa uisqueria ou choperia do centro, ou num restaurante de Petrópolis, ou ainda numa boate de Ipanema?  
§ Na escala de valores utilizada para valorar as pessoas, quem toma um trago de cana, num bolicho comércio em pequena escala - regionalismo Rio Grande do Sul -) da Volunta, às 22 horas e não 
tem documento, nem um cartão de crédito, é vadio.  
§ Quem se encharca de uísque escocês numa boate da Zona Sul e ao sair, na madrugada, dirige (?) um belo carro, com a carteira recheada de "cheques especiais", é um burguês.  
§ Este se é pego ao cometer uma infração de trânsito, constatada a embriaguez, paga a fiança e se livra solto. Aquele, se não tem emprego é preso por vadiagem. Não tem fiança (e mesmo que 
houvesse, não teria dinheiro para pagá-la) e fica preso.  
§ De outro lado, na luta para encontrar um lugar ao sol, ficará sempre de fora o mais fraco. É sabido que existe desemprego flagrante. O zé-ninguém (já está dito), não tem amigos influentes. Não há apresentação, não há padrinho. Não tem referências, não tem nome, nem tradição.  
§ É sempre preterido. É o Nico Bondade, já imortalizado no humorismo (mais tragédia que humor) do Chico Anísio. As mãos que produzem força, que carregam sacos, que produzem argamassa, que se agarram na picareta, nos andaimes, que trazem calos, unhas arrancadas, não podem se dar bem com a caneta (veja-se a assinatura do indiciado à fls. 5v.) nem com a vida.  
§ E hoje, para qualquer emprego, exige-se no mínimo o primeiro grau. Aliás, grau acena para graúdo. E deles é o reino da terra. Marco Antônio, apesar da imponência do nome, é miúdo. 
§ E sempre será. Sua esperança? Talvez o Reino do Céu. A lei é injusta. Claro que é. Mas a Justiça não é cega? Sim, mas o juiz não é.  
Por isso: Determino o arquivamento do processo deste inquérito. Porto Alegre, 27 de setembro de 1979. Moacir Danilo Rodrigues – Juiz de Direito.


“Transcrito do Suplemento Jurídico: DER/SP no 108 de 1982”SA


Sabe aquelas histórias que ouvimos por aí, e só de pensar que isso é fato consumado e vive a se repetir, nos dói na alma, e dá vontade de gritar, esperniar, lutar a todo custo pela mudança? Ser o heroi, mas não em busca de vã glória e sim, de apenas gritar que o mundo acorde de um sono profundo e cômodo.

Ao ler esse artigo, para a faculdade, foi essa a minha vontade. E como me irrita o comodismo. E pergunto: "Até quando? até quando o ser humano vai rotular de pobre, rico, gay, negro, classe A, B, C e outros?"

Fica aí meu questionamento, que agora espero que seja nosso questionamento!




Palavras em Elo de  Ádila Ribeiro em 08/05/2012.

domingo, 6 de maio de 2012

DEVANEIOS





Sabe aquela fase em que se dá o sangue por algo?

Mergulho, me entrego, faço “tripas coração”. Mudo rumos e focos. Vejo brilho até em lataria...

Mas chega um dia e... BUM!

Começo a cansar e tudo se torna dolorido, custoso e o brilho lúdico se torna o monstro.

Quero, a todo custo, fugir. Isso é fato! Mas a vida e as circunstâncias não são tão fáceis assim. 
Só entende quem vive!

Alguns até sabem, mas entender...

Estou cansando, me calando, me reduzindo. Isso é ruim? Definitivamente, não sei.

Mas sei que, do jeito que está não dá pra continuar.

Preciso aprender, de uma vez por todas, a dizer NÃO!

E espero, mesmo, que esse dia não se alongue mais...



Palavras em Elo escritas em 06/05/2012

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Apenas...

Sentir e não tocar

Amar e não abraçar

Zelar por um vício não alimentado

Um toque e a dependência é eterna

Mover mundos desnudos em carne viva

Viver a procura da peça esquecida, sentida e não viva

Fria, incolor, frágil

Potente a ponto de dilacerar um ego





Desejar tocar e estar limitado

Incitar o desejo escondido ao mundo

Ir ao fundo todos os dias e voltar, do nada, sem nada.

Desejo morto

Confusões impensáveis,

 Medo,

Medo de tocar e perder o que não se tem.

Saudade, essa sim, tocável

Compreendida, sentida, Vivida intensamente.

Só.







Palavras em Elo escritas no dia 02/05/2012 por Ádila Ribeiro